TS #1023 Eu te amo ♥.... no SL (TEXTO)

Gente...  vou tocar num assunto aqui que.... de longe... deve ser o maior dilema desde a criação do Second Life: Quando o assunto é amor, dá pra separar a RL do SL? Pegue a sua pipoca, monte sua torcida e.... que rufem os tambores!!!

Eu não sei bem como a geração mais nova do SL, a galera que ingressou a relativo pouco tempo, encara a questão de relacionamentos aqui. De um modo geral, essa turma veio, em grande parte, trazida por alguém que já tinha mais de 10 anos neste mundo. Aquela coisa que um amigo comentou, a pessoa ficou curiosa, baixou o programa e, com base no que ouviu da amizade, já chegou nessas lands procurando o que fazer (trabalhando ou participando de alguma comunidade específica). Bem diferente de nós, antigos noobs, que fomos trazidos para cá pela curiosidade midiática sobre a proposta do SL de viver, nesta segunda vida, absolutamente tudo que quisesse.

Pois bem, entre 2006 e 2008 o SL era super bem divulgado, falado e comentado. Ainda não estávamos na era das infinitas redes sociais. Porém, blogs que abordavam as tendências, os programas de TV (sim, houve uma época que um reportagem no Fantástico despertava mais interesse do que qualquer fala de influencer hoje em dia... e o SL apareceu por lá em 2007, sendo mostrado como um universo paralelo de inúmeras possibilidades) e até mesmo artistas, a exemplo da banda Babado Novo que, na voz de Claudia Milk, utilizou o SL para gravar o clipe da música Doce Paixão, mostravam nosso mundinho aqui com todo o encantamento de uma grande novidade.

Quando chegamos (eu cheguei em dez/2007) tudo parecia meio estranho e divertido. Depois das primeiras muitas horas olhando e tentando editar o avatar, nosso maior objetivo era falar com alguém. A gente queria entender como tudo aqui funcionava.... o que dava para realmente fazer... e muitos, inclusive, se perguntavam qual era o objetivo desse game. Foi esse movimento natural de exploração que levou pessoas, por meio de seus avatares, a se conectarem a cada vez mais pessoas. Vocês devem lembrar que chegava a ser uma missão impossível, a pessoa que vc acabava de conhecer não ter uma dúzia de amigos para te apresentar. 

As conversas carregavam um tom de divertimento muito particular. A comunidade brasileira sempre pareceu muito grande aqui e era bastante engraçada a forma como nos agrupávamos com pessoas espalhadas por todo Brasil e, também, com BRs que viviam fora do país e encontravam, dentro do SL, o sotaque e as gírias da sua terra natal de uma maneira ímpar. Era gostosa a sensação de estar entre amigos, compartilhar novas descobertas, viver a convivência social na segurança de estar em casa, através de bonequinhos que usavam joias brilhantes e se atrapalhavam bastante na hora de usar as poses que viam pela frente (quem, dessa era, nunca riu litros vendo os amigos se alternarem na pose do vaso sanitário, imitando os mais diversos sons no voice? Só quem viveu sabe!)

Foi toda essa magia... esse ar de mundo novo.... de elos de afeto, firmados madrugadas a dentro, que despertou, em muitos, a vontade de viver um relacionamento amoroso na nossa Lagoa Azul de pixels. No início tudo era muito óbvio: ora, se eu consigo gostar muito dos meus amigos aqui dentro, sem nunca ter dado um forte abraço neles na vida real, como não conseguirei namorar, casar e formar família sem nunca sentir o cheiro do ser amado na RL?! É claro que eu consigo, que tu consegue, que nós conseguimos.

O que a gente não contava, naquela época, é que quando a relação afetiva envolvia passar horaaaas somente a dois, escolher decoração da casa, sentar nas bolinhas de hot e, porque não, falar e ouvir o "eu te amo" num tom delicinha de sussurro... não era o coração de pixel que batia mais forte. Era o coração, da vida real, que parecia que ia explodir dentro do peito. A gente não se deu conta que o avatar não abria um sorriso quando via a notificação "seu amor está online"... mas a gente, sentadinho da frente do computador, abria. "Aí que o barraco desabou... nessa que meu barco se perdeu...".

Aprenderemos, de uma maneira quase que dolorosa, que fazia diferença sim... nosso lovezinho não poder logar naquela hora pq o par dele, na vida real, tava em casa. Nesse momento, a bagunça das emoções era tão gigantesca que.... ao mesmo tempo que a gente se achava ridícula chorando horrores com saudades daquele bonequinho.... tudo que queríamos é que alguém entendesse que, mesmo os avatares não sendo de carne e osso, o nosso sentimento era puro, forte e sincero.

Depois de algumas porradas, era comum ouvir e dizer "eu não misturo SL com RL" de um lado.... e, do outro, "se a pessoa é casada na RL e casa, com outra pessoa, no SL, é traição sim!". Anos se passaram, os avatares, antes com extremidades pontiagudas, ficaram cada vez mais arredondados, mais realistas...  aquele mundo divertido e despretensioso se tornou uma renda extra (ou mesmo renda única), um ambiente mais comercial onde as relações tendem a ser pautadas em interesses de parceria. E, mesmo se tornando um local menos caloroso, ainda não sabemos dizer se realmente dá para separar a primeira da segunda vida no campo sentimental.

Entenda, não há fórmula mágica. Quem rege a vida é o coração e ele, nesse caso, rege as duas... a real e a virtual. Tudo que conseguimos fazer é estabelecer objetivos que não temos nenhuma certeza que vamos cumprir. Dá para determinar que vamos sim senhora, encontrar um amor dentro do SL e planejar, com ele, se vamos morar no estado dele ou no nosso na RL. Assim como também dá para bater o martelo de que não senhora... nada de arrumar as malas na vida real não... vamos viver de fotos e poses bento que tá de bom tamanho. Aqui... dá pra tudo! Até para falhar miseravelmente nos objetivos propostos.

O bacana nessa história toda é esbarrar com alguém que tem a mesma meta que você, quando o assunto é relacionamento. E, se primeiro esbarrar, beijar e gostar, antes mesmo de conversar, que se jogue com a sinceridade na primeira conversa séria sobre o assunto. Coloque suas cartas na mesa e deixe que o outro decida se aceita o jogo não. Evite iludir, tapear, mentir e enrolar. Se seu modus operandi do amor cabe todinho dentro do SL, jogue limpe e fale; Se o seu coração só sabe amar vivendo na esperança de se aconchegar nos braços reais do amor, seja sincero e fale também! O que não dá é viver de promessas que não possuem nenhuma intenção de serem cumpridas. 

Viva o romance com quem pensa igual a você sobre separar, ou não, SL da RL. Tudo bem se, nessa jornada, um falhar e ter que rever a rota.... ou mesmo os dois falharem e os planos mudarem. Porque, se tem uma coisa que todos nós temos em comum com nossos avatares, é o fato, indiscutível, de que somos completamente mutáveis: eles, os av's, na aparência física; e nós, os controladores, nos sentimentos.

Agora me diga... nessa ciranda cirandinha.... você sabe amar somente no SL?

Um xêro!


Pose (com flor): :: Peppers :: Couple #177

Cabelo (dela): Stealthic - Retreat (Full Pack)

Macaquinho (dela): :::::Oh-Yes::::: 2024017 COLORS JUMPSUIT

Macacão (dele):  [Elementtare] Castilho Jumpsuit -04

Camisa (dele): [Elementtare] Castilho Hoodie -07

Tatuagem (dos dois): Ethan Tattoo [CAROL G] 

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2 Comentários

  1. Essa coisa de amar SL, me trouxe para outro país do outro lado do oceano...onde o amor SL se concretizou em RL. Acho muito dificil separar, porque afinal atrás dos bonecos somos nós seres humanos de carne, osso, coração e cérebro que estamos lá dando a eles a "vida".

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    1. Oi Anônimo ♥ Obrigada por seu comentário e por compartilhar um pedacinho da sua vivência ♥

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